domingo, 12 de janeiro de 2014

O Divino Santo André – O dia que Ademir da Guia jogou pelo Ramalhão

Alguns craques já vestiram a camisa do Santo André. Porém, poucos foram tão importantes para a história do futebol como Ademir da Guia, maior ídolo do Palmeiras. Foi por apenas uma partida, mas o suficiente para ficar na memória dos torcedores do Ramalhão. “Eu era criança e entrei em campo de mãos dadas com ele, isso não vou esquecer nunca”, diz Ricardo da Silva, conhecido como Maradona.

O jogo foi no dia 7 de fevereiro de 1980, contra o Santos. O Divino foi a grande atração que a diretoria andreense trouxe para a inauguração dos refletores do Estádio Bruno José Daniel. “Podem ter certeza que se ele jogar, o torcedor verá aquele mesmo futebol elegante, de passadas vistosas, que tanto encantou o Brasil”, disse o então diretor de futebol Elias Fallani ao Diário do Grande ABC.

A possibilidade de atuar ao lado do eterno camisa 10 alviverde também contagiou os jogadores do Ramalhão. “A gente ficou naquela expectativa, receber o Ademir aqui em Santo André. Naquela época era muito difícil um jogador daquele nível vir pra cá e todos queriam jogar com ele”, conta o ex-meio campista andreense Arnaldinho.

Ele lembra que o jogo foi intenso e brigado, porém o Divino teve alguns privilégios dos adversários. “Dava pra ver que os jogadores do Santos não chegavam junto nele da mesma forma”, relembra.

Ademir jogou somente 18 minutos (sendo substituído por Mazzola) por causa das limitações físicas. “Eu tinha parado em 1977 com problemas de respiração e não estava muito legal. Recebi esse convite e para mim foi um prazer estar nesse evento”. Apesar da festa, o Ramalhão saiu derrotado por 2 a 1, com duas falhas do goleiro Mílton. Aluisio marcou os gols do Santos e Zezinho descontou.

Uma das principais motivações para o filho de Domingos da Guia participar do jogo foi mostrar um pouco de sua classe para as pessoas que não tiveram o prazer de vê-lo bailar pelos campos do país. “O importante é a gente merecer o carinho das pessoas. Eu sei que lá em Santo André e no resto do ABC existem muitos palmeirenses”.

A reportagem do DGABC não poupou o desempenho do meia, que já beirava os 40 anos. “Nem mesmo Ademir da Guia conseguiu salvar o espetáculo. O ex-jogador do Palmeiras e da Seleção Brasileira praticamente andou em campo durante os 18 minutos, demonstrando estar completamente fora de forma”.

Além da idade avançada e dos problemas físicos, outros fatores prejudicaram o craque. Sem ter feito qualquer treinamento com o resto da equipe, o folclórico técnico Luiz Carlos Fescina escalou o Divino como médio volante. “Ele é craque e por isso não vai sentir dificuldades em atuar mais recuado, diferente das características que apresentava pela meia esquerda”, disse o treinador.

Com a humildade que o caracteriza, Ademir lembra com carinho da partida. “Eu joguei um pouquinho, só pra participar pelo menos uma vez! Isso aí que ficou como recordação! Poder ter essa honra de vestir a camisa do Santo André foi muito bacana.” Que é isso Ademir…A honra foi toda nossa!!!


Marcelo Alves Bellotti, Vladimir Bianchini e Alexandre Bachega

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