sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Manifesto Ramalhino

Convoco os ramalhinos ilustres a se unirem nesse manifesto! Não se trata de nenhuma crítica aos jogadores que fizeram o manifesto contra o calendário, de maneira organizada para defender assunto do seu interesse.

Nesse momento, que podemos classificar como um marco no futebol nacional, vejo esse movimento extremamente elitista que visa unica e exclusivamente a retirada dos times da primeira divisão dos campeonatos estaduais. Sim, pois nesse manifesto, constam apenas dois jogadores de clubes da segunda divisão do campeonato brasileiro (ambos do Paraná Clube). O zagueiro Anderson (que já jogou por aqui) e o meia Lucio Flavio.

Voltando ao manifesto Ramalhino, convido aos torcedores Ramalhinos a apreciarem o calendário a que o Esporte Clube Santo André foi submetido em 2013.

O time Andreense foi rebaixado para a série D em 2012, sendo que disputou a sua última partida no ano no dia 27/10/2012, contra o Macaé. Por problemas internos, o clube ficou paralisado após o anúncio da SAGED e começou a preparação para o ano apenas em Janeiro. O campeonato paulista da série A2 teve o seu início em 23/01/2013, quase três meses depois do encerramento da temporada.

No período correspondido entre 23 de Janeiro e 31 de Março de 2013, ou seja, em 67 dias o time jogou 19 partidas. Isso quer dizer que na média o time disputou uma partida a cada quatro dias. 

Após essa maratona maluca de jogos, o time iniciou a disputa da Copa do Brasil no dia 03/04/2013, três dias depois do final da primeira fase da A2, contra o Veranópolis. O time terminou a participação na Copa do Brasil dia 15/05/2013, ou seja, 43 dias depois disputando somente 4 jogos nesse período.

O Campeonato Brasileiro da Série D teve somente dia 01/06/2013, 17 dias depois. A participação do time Andreense durou 99 dias. A eliminação veio no dia 08/09/2013, com a derrota para o Metropolitano.

Ainda temos também a Copa Paulista, com 12 jogos no período de 14/07 a 07/09/2013 (55 dias).

No total, o time Andreense disputou 45 jogos em 2013. O número por sí só é perfeitamente aceitável, mas demosntra o extremo desequilíbrio a qual as equipes brasileiras estão expostas. No Paulistão, jogamos a cada 4 dias, no Brasileirão, jogamos 10 jogos em 100 dias. Não fosse a Copa do Brasil, teríamos um inervalo de 62 dias entre o fim do Paulista e início do Brasileiro. Estamos em setembro de 2013 e o time só retorna aos gramados em 2014. Que calendário é esse?

A entidade maior do futebol, juntamente com as TVs, os jogadores, técnicos e dirigentes precisam chegar a um acordo. Se o time não jogar, como podemos ter futebol? Como manter o time no profissionalismo se em setembro já acabou o ano? Por que a os campeonatos da série A são arrastados e os da série C são de tiro curto? A quem isso favorece?

Quando coloco isso um Manifesto Ramalhino, sei que isso não é um manifesto, apenas um convite a reflexão! O calendário deve ser discutido sim, mas não somente pela elite! A mudança deve ser pensada e realizada em todos os níveis do futebol, por se tratar de assunto de interesse nacional. 

Temos que ter cautela ao analisar que pouco mais de 20 clubes representam os mais de 29 mil clubes existentes no país, bem como um grupo de 75 atletas de clubes de elite decidam por 2,1 milhões de jogadores registrados, espalhados por esse país. Corremos um risco, caso a discussão não seja ampliada, das decisões elitizadas prejudiquem ainda mais os clubes de menor porte, que fazem mágica para manter elencos e times competitivos.

Somente uma discussão ampla pode equalizar o calendário, de modo a atender os anseios dos clubes, das TVs, dos jogadores e principalmente dos torcedores. Afinal, o futebol só é praticado profissonalmente e movimenta todo esses valores porque existem pessoas que pagam para assistí-lo. As discussões devem sim também atender o anseio dos torcedores.

Amigos Ramalhinos... vamos à luta. Por um calendário decente! Não precisamos que nos favoreçam, mas também não podemos deixar que nos prejudiquem. 

Democraticamente, a discussão deve ouvir todas as partes, em todas as divisões em todos os espaços! Caso contrário... o futebol sem breve será somente feito para quem tem uma TV.

Marcelo Alves Bellotti

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