Estávamos no ano de 2001, mais precisamente no mês de Maio. O Ramalhão vinha de uma frustrante derrota na semifinal no ano anterior. Mas estava com o elenco reforçado e começava bem uma batalha para o acesso.
Era apenas mais um jogo contra o time de Jundiaí (naquele ano tinha o nome de Etti, sob patrocínio da Parmalat), porém um fato abalou o elenco antes da partida. Policiais compareceram ao Estádio Municipal Bruno José Daniel não para trabalhar para a segurança da partida, mas sim para cumprir um mandado de prisão expedido contra um atleta Andreense, o lateral Carlos Roberto.
Carlos Roberto foi revelado pelo União São João de Araras, onde ganhou espaço após a saída de Roberto Carlos e se fixou como titular. Com passagens por Corithians, Portuguesa, Coritiba e Araçatuba, o lateral chegou ao Santo André para ajudar o Ramalhão no caminho do acesso. Porém sua trajetória foi marcada por um envolvimento criminoso. Foi acusado de receptação em um processo conduzido pela Vara Criminal de Campinas. O jogador seguia atuando respaldado em uma medida liminar de suspensão do mandado de prisão.
Porém naquela noite a liminar não produzia mais efeito e o lateral teria que ser preso. Atendendo a um pedido do clube, a polícia permitiu que o jogador participasse da partida para posteriormente se apresentar a justiça.
O jogo começou até que aos 13 minutos do primeiro tempo, um fato curioso... O lateral se contundiu e teve que ser removido "às pressas" de ambulância para o hospital da cidade.
O procedimento foi acompanhado pelos policiais, o jogador deu entrada no hospital Municipal as 21h18, foi atendido, medicado e se apresentou a justiça, foi encaminhado a Cadeia Pública de Vila Palmares.
Claramente ocorreu um mal estar. Todos sabiam da ordem de prisão e a "contusão" do atleta e a saída do estádio de ambulância foi encarado por muitos como uma "tentativa de fuga". Conta-se que o ambiente foi tenso na transferência do atleta para o hospital.
O clube se defendeu das acusações, classificadas como levianas pela diretoria. O então vice presidente de futebol Celso Luiz de Almeida negou que tivesse havido qualquer simulação por parte do atleta e divulgou uma nota oficial do clube, onde esclarecia a situação do atleta e do fato ocorrido em campo.
O vice presidente administrativo do clube, Klinger Luiz de Oliveira Souza declarou após o jogo ao repórter Divanei Guazzelli do diário do Grande ABC que a situação a qual foi colocada o clube foi "constrangedora" naquela noite de quarta-feira no estádio Bruno José Daniel. Segundo o dirigente, além do fato do time entrar em campo nervoso, "a interpretação que alguns veículos de comunicação deram a essa situação, com a conotação de que a diretoria do Santo André armou a fuga do jogador foi leviandade e estupidez".
A equipe, que na época era comandada por Luiz Carlos Ferreira venceu a partida pelo placar de 1 a 0. O lateral foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória em Hortolândia e deixou o futebol. O time seguiu sua trajetória de sucesso e ao final do Paulistão foi coroado com o acesso para a elite do futebol Paulista.
O jogador foi libertado em março de 2002 por falta de provas e nessa época foi cogitado o seu retorno ao time Andreense. Posteriormente em 2006, o ex-atleta foi preso em flagrante, acusado de chefiar o tráfico de drogas na região de Campinas e em municípios vizinhos.
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Em Dezembro de 1999 o vice presidente de Futebol Celso Luiz de Almeida anunciava a contratação do goleiro Ivan Izzo, que naquele ano completava 34 anos de idade.
Ivan permaneceu no clube em 2000 e em 2001 dividiu com Mauricio a meta Andreense. Porém protagonizou um fato no mínimo curioso. Em dezembro de 2001, o jogador deixou a sua residência no bairro da Pompéia e se encaminhava para o treinamento da equipe, marcado pelo técnico Luiz Carlos Ferreira no Estádio Municipal Bruno José Daniel. No caminho, passou pela Marginal Tietê, onde ficou de se encontrar com Stélio Mattos, na época o preparador físico da equipe Andreense.
Após encontrar Mattos, Ivan se dirigia a Santo André sem saber que policiais da PF estavam a postos nas imediações armando uma tocaia para capturar bandidos que segundo informações passariam por lá.
Segundo o policial federal, o goleiro ignorou a solicitação de parada feita pelo policial. O agente público então disparou contra o carro do goleiro, abala acertou a placa do veículo atravessou a lataria e acertou o braço de Ivan.
Após o incidente, o policial reconheceu o engano e se encarregou de levar o goleiro para o Hospital das Clinicas. Ivan foi submetido a uma cirurgia e não teve sequelas após o ocorrido.
O diretor de futebol do Santo André, Sérgio do Prado, procurou minimizar o ocorrido, em entrevista a Nelson Cilo do Diário do Grande ABC. "O comandante da PF me procurou no hospital para justificar o incidente. O Ivan conversa normalmente. Ele me contou que não conseguiu ouvir nada naquela barulheira da marginal. De minha parte, compreendi o contratempo. Felizmente, o doutor Pedrinelli garante que o Ivan não corre nenhum perigo no futebol".
O comando da Polícia Federal, chefiado por Marcelo Vieira Godói, classificou o incidente como um erro grave dos seus agentes.
Ivan seguiu no santo André até 2002, quando se transferiu para o Figueirense, onde encerrou a sua carreira em 2004. Hoje, comanda o time na Copa Paulista em 2014.
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